Ruas

Saímos do café e tapei a minha pulseira. Mesmo não conhecendo nada dali, levei-nos até uma rua sossegada e sem ninguém. Emma perguntou-me se tinha medo dela. Ri-me - Tenho razões para isso? - Perguntei de sobrolho erguido. Ainda esperava que ela admitisse.

Acha que ele já tinha percebido que eu era realmente uma vampira. - Acho que sim... - murmurei ainda mais baixo fazendo um careta envergonhada. Olhei em volta e não via ninguém, estava a começar a ficar com medo, ele podia tentar matar-me...

Fiz uma expressão divertida ao ouvi-la. Não tinha medo de vampiros, muito menos dela que não era nada assustadora como a maior parte dos vampiros - E porque devo ter medo de ti?

Olhei para ele um pouco confusa. - Porque... - hesitei, e pensei duas vezes se havia de lhe dizer que era mesmo uma vampira. -... oh tu sabes. - murmurei um pouco mais alto que anteriormente e fiz uma careta divertida.

- Sim, eu devia mesmo ter medo de uma rapariguinha que acabei de conhecer - Aproximei-me dela o suficiente para lhe susurrar ao ouvido - Talvez até sejas uma pequena assassina em série, não é? Devia ter medo de estranhos - Estava a ser desagradavél e, caso ela não fosse uma vampira, tinha a certeza que nunca mais me quereria ver.

O meu coração começou a bater fortemente quando ele se aproximou de mim, estava com tanto medo, que se tivesse um buraco no chão para me colocar, fazia-o. - Eu nunca matei ninguém... - defendi-me, coloquei as minhas mãos no seu peito tentando afasta-lo de mim, mas não obtive sucesso. - Por favor não me faças mal... - pedi, baixo. Era notório todo o meu medo quando falava.

Não acreditava no que estava a ver. Porquê que ela não me atacava? Se tinha medo de mim devia fazê-lo. - Não vou fazer-te mal se não me deres razões para isso - Revirei os olhos e tirei as mãos dela de cima de mim - És uma vampira? - Perguntei, denunciando a minha aversão.

Afastei-me dele um bom bocado encostando-me a uma parede. Ele certamente estaria a pensar o porque de eu não o morder... Eu não tinha por habito fazer isso... aliás era medrosa demais para o fazer, ou talvez por ser nova demais. Olhei-o com um olhar que transmitia medo vindo da minha parte. Assenti com a cabeça, fazendo uma careta envergonhada. - Não contes a ninguém... - pedi, tão baixo que nem sei se ele tinha ouvido.

Definitivamente ela não era como os outros vampiros que eu conhecia. Ou talvez estivesse só a fingir. - Eu não conto. Achariam-me louco - Zombei, sabendo já por experiência própria. Suspirei e voltei a pôr a minha mochila às costas preparando-me para ir embora - Ficas avisada que, se alguma vez te apanhar com o raio do sangue na boca, juro que não serei assim tão meiguinho.

- Se não beber, morro. - informei-o, mais alto. Aproximei-me dele, agarrando o seu braço visto que ele se preparava para ir embora. - Vais-te afastar de mim, por causa disto? - perguntei, olhando os seus olhos castanhos.

- Já ouviste falar em alternativas? Bancos de sangue, não? - Custava-me acreditar nisto. Ela em nada parecia uma vampira. Nada - Sim, vou - Virei costas mas permaneci ali - Porque eu gosto demasiado de matar vampiros, e tu podes não ser excepção.

- Já te disse que não bebo sangue humano... bebo de garrafas que compro... - expliquei. Fiquei ainda com mais medo quando ele disse que eu não iria ser excepção. - Tudo bem, tu é que sabes... - murmurei, largando o seu braço. Olhei para ele mais uma vez nos olhos e comecei a caminhar para o lado oposto da rua.

Normalmente sentia um enorme gosto em atarantar vampiros. Era uma minoria aqueles que não me enfrentavam por isso encolhi os ombros e vi-a partir. Não queria assustá-la quando ela parecia tão inofensiva, mesmo para humanos - Whatever - Continuei a caminhar na diracção oposta.

Olhei mais uma vez para trás para ver se ele continuava no mesmo sítio. Não. Começou a andar na direcção oposta. Sentia um pouco de medo dele, por ameaçar matar-me, mas ao mesmo tempo não percebi o porque de se afastar de mim.

Voltei à ponte e nem sinal dele. Pois isso não me alarmava muito. Procurei-o em vários sítios, tendo-o encontra-lo, mas parecia que ele tinha desaparecido do mapa. Nem nas ruas da cidade ele se encontrava! Bufei impaciente e depois de uma pausa para beber um pouco da garrafa que eu tinha, voltei a procura-lo.

Assim que cheguei a Lore passei pela minha nova casa onde deixei a minha mãe que estava muito cansada da viagem. Arrumei algumas das minhas coisas mas logo me fartei e como não era lua cheia decidi ir dar uma volta. Dei por mim nas ruas da cidade sem rumo certo.

Estava eu embranhado nos meus pensamentos, a perguntar a mim mesmo se a minha mãe teria ficado bem sozinha quando uma rapariga loira bem boa chocou contra mim - Não faz mal - dei-lhe o meu melhor sorriso - Eu também ia distraído - ri-me.

-Sou - não consegui deixar de sorrir quando a senti olhar-me de alto a baixo - Cheguei há umas horas... - suspirei - E tu, vives cá há muito tempo? - perguntei curioso.

Arregalei os olhos com a sua reposta - És uma vampira? - perguntei um pouco irritado. Era mau de mais que a primeira pessoa que eu conhecesse qui fosse uma vampira. Ignorei a sua pergunta pois era impensável que eu socializasse com uma vampira.