Ruas

Suspirei de alívio - Desculpa a brutidão - disse escotando os seus conselhos e pensando que ela tinha razão, mas eu não podia simplesmente fingir que gostava de vampiros - Mas é que tenho um passado complicado com vampiros - desculpei-me - E sim, aceito tomar um café contigo - sorri à espera que ela não me tivesse achado maluco.

Ouvi o que ela tinha para me dizer e acenei com a cabeça - Não prentendo desrespeitar ninguém desde que também não me desrespeitem a mim - disse olhando para ela e reparando em como era bonita - Sim - entrámos no café.

-Estou impressionado - disse depois de ela me ter mostrado alguns sitios - Acho sinceramente que tens jeito para guia - sorri para mim mesmo e olhei em volta observando cada promenor daquela cidade que me surpreendia cada vez mais.

-Acho que tens razão - disse sentando-me a seu lado no banco - Ainda agora cheguei acho que já estou viciado nesta cidade - admiti esfregando as mãos - Tens frio? - perguntei. Não por querer estar perto dela apesar de querer mas sim porque estava mesmo muito frio.

-Anda cá - cheguei-me mais para ela e meti o meu braço à volta dos seus ombros puxando o seu corpo para o meu - Estás gelada! - observei sentindo a pele dos seus braços gelados toda arrepiada - Eu estou bem aqui mas é melhor levar-te a casa, não quero que fiques doente.

-Não há muito mais para dizer - o cheiro do seu perfume ivadiu-me o nariz - Antes de vir para cá o meu único objetivo era manter a minha mãe viva e em segurança e depois apercebi-me que também tinha que começar a pensar mais em mim e decidi mudar de ares - contei-lhe - Desde que o meu pai nos deixou que procuro o seu assassino e quando o encontrar não vai ser bonito - só o facto de mencionar o assassino do meu pai deixava-me logo alterado.

-Não - abanei negativamente a cabeça - Quando cheguei perto do meu pai ele já tinha fugido... - e como que por magia um flashback transportou-me para aquele dia, para o momento em que entrei no jardim vindo de um jogo de basquete com os meus amigos e encontrei o meu pai estendido na relva completamente sem vida. Abanei a cabeça tentando apagar aquela imagem da minha cabeça.

-Eu sei - sorri para mim mesmo quando senti os seus lábios macios em contacto com a minha bochecha - E é o que faço ou pelo menos tento fazer todos os dias mas a dor nunca desaparece - acariciei o seu ombro nu - E nem é tanto por mim é mais pela minha mãe porque aquele diz estragou-lhe a vida por completo - admiti tristemente.

Aquela sereia não tinha sido nada de jeito, nem sequer sabia bem, como as outras costumam saber. Coloquei as mãos nas calças enquanto andava devagar, ou melhor, a um ritmo de um humano e fiz uma careta quando senti um cheiro que não gostei muito misturado com outro que reconhecia e que... pressionei os meus lábios e virei-me lentamente para trás vendo Meg com outro rapaz. Senti os cabelos da minha nuca a eriçarem-se e o meu corpo arrepiou-se ao perceber que ele era um lobisomem.

-Ainda bem que não sabes e espero sinceramente que nunca venhas a saber - sorri e beijei-lhe o cimo da cabeça quando senti um cheiro nojento no ar. Virei a cara e reparei num rapaz que vinha a caminhar na nossa direção com uma cara de poucos amigos. Vampiro, pensei. Puxei Meg ainda mais para mim como se isso ainda fosse possível numa tentativa de protegê-la.

Respirei fundo decidido a ir ter com eles e deixei as minhas mãos nos bolsos indo na direcção deles. Cerrei com força os dentes e quando finalmente cheguei ao pé de Meg sorri forçadamente tentando ser nem que fosse um bocadinho educado. As minhas presas queriam descer e rasgar a cabeça àquele tipo que se estava a armar em mauzão comigo.
-Não faças isso miúdo - avisei-o - ela deve estar protegida é de ti, não é de mim. - sorri cinicamente - não sou eu que perco o juízo quando me transformo - tirei as mãos dos bolos e cruzei os braços ao meu peito respirando fundo e olhando para Meg - Olá Meg.

Sorri também cinicamente ao vampiro que pelos vistos se chamava Kale - Nunca lhe faria mal - afirmei absolutamente certo do que estava a dizer - Agora de ti já não posso dizer o mesmo - deitei-lhe um olhar irritado e cerrei os meus punhos apertando-os com força.

-Lamento lobinho, mas acho que não consegues ter a certeza disso, a menos que sejas muito experiente em ser quem és, o que dúvido por causa da tua idade - sorri respirando fundo e arrependendo-me de o ter feito porque ele cheira horrivelmente mal. - Está descansado - ironizei - [/b]ela sabe perfeitamente que a única coisa que lhe faço é bem.

-Não voltas a chamar-me lobinho ouviste seu chupador de sangue nojento? - levantei-me do banco e comecei a andar em direção a ele - E deixa a Meg em paz ou vais dar-te mal - avisei deitando-lhe um olhar ameaçador.

Levantei o sobrolho quando ele se levantou na minha direcção e ri-me levemente quando Meg tentou acalmar-nos.
-Eu estou calmissimo, ele é que não. - apontei com o queixo para o suposto Harry e toquei com um dedo no queixo de Meggie. - E vê lá o que me chamas, não tenho culpa que te irrites com pouco - dirigi-me ao lobo irritadiço.